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EXPOSIÇÃO MULHERES DA MARINHA GRANDE

Atualizado: 28 de abr. de 2024


Exposição "Mulheres da Marinha Grande": Para que não se esqueça o papel das mulheres na Marinha Grande

Fernanda Leitão, professora de Filosofia

 

Numa altura em que se assinala e comemora os cinquenta anos da revolução que mudou a vida dos portugueses e nos brindou com a democracia, o grupo de Filosofia da escola Calazans Duarte, numa parceria com o Movimento Democrático de Mulheres, aproveitou a celebração de mais um Dia Internacional da Mulher para dar visibilidade à exposição 'MULHERES DA MARINHA GRANDE - Fragmentos de Vidas de Resistência e Luta'. Uma mostra que expôs, entre 4 e 14 de março, a luta das mulheres marinhenses em diversos âmbitos ao longo do século XX, com recurso a relatos extraídos do livro “Mulheres da Marinha Grande – Histórias de Luta e de Coragem” de "Júlia Guarda Ribeiro" e que evoca o importante papel que as mulheres tiveram no combate ao regime fascista numa terra como a Marinha Grande, com tradições de luta e de resistência, pela conquista de direitos fundamentais na vida e no trabalho.

Com o objetivo de proporcionar uma aula de Filosofia sobre determinismo e liberdade na Ação Humana baseada em testemunhos verídicos, esta exposição convidou a refletir sobre o que conquistámos, o que perdemos e o que falta conquistar nestes 50 anos de liberdade.

Ao longo de 14 painéis - que preservam, constroem e partilham a memória democrática - fazemos uma viagem pelas resistências, desde o 25 de Abril de 1974 até aos nossos dias, e que nos permite continuar a sonhar juntos o futuro, numa época em que se parece vislumbrar um retrocesso civilizacional com ameaças evidentes à nossa frágil democracia, apesar dos seus 50 anos. Neles são abordados os contornos do fascismo, a opressão, a pobreza, a exploração e as histórias das mulheres que ousaram resistir e lutar, desde o movimento do 18 de janeiro de 1934; não faltam histórias de luta no feminino sobre a vida dura das mulheres empalhadeiras, relatos das manifestações laborais, testemunhos sobre presas políticas, memórias de resistência ao fascismo, dos interrogatórios pela PIDE e até da vida na prisão.

A Revolução dos Cravos veio alimentar a esperança e os sonhos destas mulheres, num momento a partir do qual foram alcançados feitos fundamentais e que a exposição destaca, realçando as conquistas da luta pela emancipação, liberdade e democracia, numa terra em que a história atesta as fortes tradições associativas, de ação sindical e política. Testemunhos tão fundamentais e que tanto fazem sentido hoje na luta contra os vendedores de ilusão, os discursos de ódio e de preconceito.

Nas palavras do Movimento Democrático de Mulheres, esta mostra procura «dar a conhecer a história, o património de resistência e de luta nos seus diferentes matizes e recordar o importante papel que as mulheres da Marinha Grande tiveram nesse combate contra o regime opressor e obscurantista, que relegava as mulheres para uma condição de inferioridade, mulheres que não se deixaram vergar pelo medo que se fazia sentir quando faziam ouvir a sua voz». É preciso continuar a sublinhar que também «as mulheres sempre lutaram e são tantas vezes esquecidas».

O grupo de Filosofia agradece a Etelvina Rosa – ex-sindicalista e  exemplo vivo de Mulher que continua a erguer o seu punho na luta pela preservação dos valores democráticos - todo o esforço e disponibilidade na concretização desta exposição que é um testemunho dignificante para as gerações de jovens alunos hoje, mas adultos com responsabilidades num futuro próximo que todos queremos manter livre, democrático e esperançoso.

 
 
 

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