A cinco dias do aniversário daquela que foi a revolução que alterou o rumo do nosso país, o Agrupamento de Escolas Marinha Grande Poente iniciou as suas comemorações.
Para tal, foi organizada uma exposição constituída por trabalhos elaborados pelos alunos das diversas disciplinas de História do agrupamento. Por sua vez, este projeto intitulado “FOTOBOX do 25 de abril” traduziu-se num esforço individual de cada aluno em selecionar uma fotografia de um ou mais familiares, amigos, vizinhos, etc. na época do 25 de abril de 1974 e recolher o testemunho da realidade experienciada pelos mesmos. Após esta primeira parte do trabalho, o pretendido era que se elaborasse um cartaz que combinasse a informação obtida anteriormente, ou seja, um cartaz que integrasse a fotografia e a história da vivência da(s) personalidade(s) contactada(s). Por fim, todos os trabalhos foram apresentados junto da Mediateca da escola, numa exposição denominada “25 de Abril: a história vivida e contada por…”. Com este projeto pretendia-se que houvesse uma valorização da família como fonte de aprendizagem e como património afetivo, através, exatamente, da partilha destas vivências; o explorar de modalidades e procedimentos de investigações diferentes; a utilização de diversas tecnologias de informação e comunicação e modalidades e procedimentos e; acima de tudo, a exploração e o esculpir do sentido crítico de cada aluno, na valorização da sua criatividade e originalidade.
Além da atividade já referido, foi organizado, dia 22 de abril, pelas professoras das disciplinas de História e Ciência Política, um workshop cujo tema era “Repórteres de Abril por um dia”. De facto, os objetivos desta iniciativa eram tratar o tema 25 de abril numa lógica de AÇÃO – CRIAÇÃO, permitindo o aprofundamento de conhecimentos sobre a democracia e a liberdade e a produção de conteúdos com potencial de publicação no Sem Fronteiras (um espaço online para o qual já tive o prazer de ver publicado um texto meu) e outros espaços de comunicação. O alinhamento deste workshop previa: um encontro de meia hora com todos os participantes, o que abrangia as turmas G, H, I e J do 12.º ano e ainda a turma de artes do 11.º: a turma E; uma hora de trabalho e, no final, o reencontro de todos os participantes durante mais uma hora, que culminou com um exercício final de grande partilha. No fundo, esta dinâmica era um concurso inter-turmas (a meu ver, até informal) que permitiu aos alunos uma experiência inovadora e completamente diferente daquilo a que estamos habituados. Além disso, tivemos a honra de contar com a presença especial de Carlos Ribeiro do Sem Fronteiras, de António Aires Rodrigues, ex-exilado político e deputado à Assembleia Constituinte e ainda do Dr. Pedro Correia.
Para acabar o dia em excelência e como o objetivo do grupo de história tem sido criar raízes locais, isto é, fomentar o nosso conhecimento sobre a terra onde crescemos ou então estudamos, na Associação Cultural e Recreativa da Comeira todos estes trabalhos foram, de certa forma, prolongados num momento de muita partilha, por volta das 21:30. Ora, o destaque na agenda deste encontro era a apresentação do novo livro da AEP61-64 (Associação de Exilados Políticos Portugueses). Este terceiro volume de Exílios Sem Fronteira dá “seguimento aos testemunhos de exilados, desertores e refratários que relatam histórias ocorridas há mais de meio século, mas que mantêm, nos propósitos de oposição aos regimes fascistas, totalitários e autoritários, grande atualidade”. Contudo, o espírito criativo das professoras de história conjuntamente com a vontade de alguns alunos deu asas a outros “bónus”. No corredor que nos encaminha para a recentemente renovada biblioteca, foi montada uma exposição com uma amostra de alguns trabalhos que tinham sido desenvolvidos pelos alunos no âmbito do trabalho da Fotobox 25 de Abril. Depois, os alunos Tomás Elias e Matilde Lopes foram convidados a falar um pouco sobre este trabalho que tem vindo a ser desenvolvido; os efeitos positivíssimos que tem permitido (não só na motivação escolar como na nossa formação cívica e humana) e exporem aquelas que, até ao momento, tinham sido as comemorações desta data. De seguida, todos os diversos membros comunitários presentes tiveram o prazer de ouvir o maravilhoso declamar de poemas de três alunas da turma 10.º J: Joana Noivo; Maria Vieira e; Adriana Morgado. Para findar aquela que considero ter sido uma excelente partilha, houve um momento de conversa/debate tertuliano sobre inúmeras problemáticas da nossa sociedade, desde a valorização de acontecimentos passados e históricos por parte da fação mais jovem, passando, entre muitos outros temas, por aquele que é hoje o uso dado à liberdade por parte da população ativa e até mesmo chegando ao sistema educativo português.
Como forma de concluir este texto, queria, em meu nome e em nome de todos os alunos que ainda não se aperceberam, mas que um dia certamente irão, agradecer, em especial, ao grupo de História não só por esta brilhante iniciativa, mas por todo o trabalho que têm vindo a desenvolver. Como aluna que é afetada por este ousar ser diferente, em procurar arriscar e contornar as fragilidades do nosso sistema educativo, o meu muito sincero e grande obrigada pelo vosso esforço, dedicação e pelo vosso impacto. É um prazer enorme ser acompanhada por estes professores e poder fazer parte destes projetos.
Matilde Lopes,
Aluna da Escola Secundária Engenheiro Acácio Calazans Duarte
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