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Jornada Filosofia ComVida “Mulheres de abril”

Atualizado: 28 de abr.

“Liberdade, querida Liberdade. O nosso chão são sonhos e vontade.”, “Canção a José Mário Branco”, de A Garota Não".


O Auditório da Escola Calazans foi palco de mais uma Jornada Filosofia ComVida, que se realizou no passado dia 13 de dezembro, pelas 10.15 horas, desta vez alusiva ao tema “Mulheres de Abril”.As Jornadas são anualmente organizadas pelo grupo de Filosofia e pretendem promover a reflexão crítica e o debate de ideias acerca de diversos temas de interesse social e cultural.

Aproveitando as comemorações dos 50 anos da “Revolução dos cravos”, que agora se iniciam, e reconhecendo a missão da Escola na promoção dos valores de cidadania, liberdade e democracia, as professoras de Filosofia entenderam dedicar este evento ao 25 de Abril, colocando a tónica no feminino. Afinal, as mulheres também fizeram Abril. Ergueram lutas nem sempre reconhecidas. Travaram batalhas sem glória. Mas o seu papel foi decisivo, tanto na indignação e revolta, como na construção de uma sociedade democrática e justa. Estiveram presentes neste Encontro duas “Mulheres de Abril”. De gerações diferentes, uma viveu o 25 de Abril na primeira pessoa e foi, para os presentes na jornada, um testemunho vivo e emocionado dos tempos de ditadura: do que era ser mulher; da discriminação de género que se observada nas mais pequenas coisas e simples gestos; das bocas que se mantinham em silêncio; do medo geral; dos que voltavam do Ultramar num caixão de pinho; dos que por terras de África ficaram esquecidos ou foram enterrados despedaçados em valas comuns, depois de terem lutado por uma causa que nunca foi sua; e dos presos que foram torturados ou outros que tiveram de fugir da pátria para poderem expressar livremente uma opinião.

Etelvina Rosa, marinhense e ex-dirigente sindical, teve a possibilidade de erguer, finalmente, a sua voz após o 25 de Abril. Os gritos de revolta e as manifestações, já possíveis, permitiram-lhe lutar por muitos direitos para a classe operária. E a sua voz e determinação ditaram conquistas supremas para uma sociedade mais justa e igualitária.

A outra, deputada municipal, mulher ainda jovem, materializa tudo o que Abril conquistou; mas representa, igualmente, a indignação do que ainda falta cumprir. Na sua intervenção nesta Jornada, quis acordar a juventude, mostrando que o conformismo e o conforto da liberdade conquistada, facilmente nos podem conduzir - como atestam as estatísticas nacionais e por essa europa fora - a caminhos de outrora, marcados pelo fascismo, pela xenofobia e outros atentados contra a dignidade humana.

Maria Loureiro assume, desta forma, a responsabilidade que lhe foi dada pelos munícipes e todos os dias faz questão de honrar os que por Abril lutaram, deixando o seu cunho na preservação da democracia e na construção de um futuro melhor. Porque sabe que Abril ainda não está inteiro e as suas conquistas são diariamente ameaçadas por todos os que são inimigos dos valores democráticos e que tentam iludir, com populismo, o povo soberano.

Com inteligência e maturidade política elevada, recorreu a exemplos simples do dia a dia dos jovens, tais como o pagamento de propinas, as questões ambientais ou as redes sociais, para vincar a necessidade de lutarmos pelos nossos direitos, num reconhecimento de que a justiça, a igualdade e a liberdade têm de ser diariamente construídas e que cada um de nós tem um papel nessa missão.

A Jornada ficou completa com algumas participações lúdicas, momentos de poesia e de dança muito bem interpretados por alunas do nosso Agrupamento e da Escola de Artes do SOM. Jorge Alves, conhecido e respeitado professor da Calazans, brindou-nos com um medley de canções de liberdade. Os formandos do curso profissional de Restauração, orientados pelo seu chef Tiago Almeida, confecionaram um almoço temático, na cozinha pedagógica da escola, e proporcionaram às professoras do grupo de Filosofia uma experiência gastronómica inspirada em músicas que tiveram força para mudar um país.

Sensação de dever cumprido! A Filosofia exerce a sua nobre missão de despertar consciências e de promover a autonomia da razão. E tal como o Natal, que se aproxima de mansinho, Abril será sempre que os homens (e as mulheres!) quiserem.





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