Daniela Lino, aluna (12º H)
À medida que nos aproximamos das eleições legislativas deste mês, é crucial lembrarmos Carolina Beatriz Ângelo, uma figura pioneira que marcou a história política ao tornar-se a primeira mulher a exercer o direito de voto. O seu contributo foi fundamental para o reconhecimento dos direitos das mulheres na esfera política.
Em 1911, o código eleitoral estabelecia o direito de voto a “todos os cidadãos portugueses com mais de 21 anos, que soubessem ler e fossem chefes de família”. Não sendo referido o género, Carolina Ângelo, uma médica e viúva com mais de 21 anos e com uma filha menor ao seu cargo, dirigiu-se ao presidente da Comissão de Recenseamento do 2º Bairro de Lisboa, apresentando um requerimento para que o seu nome fosse incluído nos registos eleitorais. Após a rejeição pela Comissão de Recenseamento e pelo Ministério do Interior do seu requerimento para ser incluída nos cadernos eleitorais, recorreu para tribunal, onde obteve uma sentença favorável.
Assim, um mês depois, a 28 de maio, Carolina Ângelo dirigiu-se às urnas e votou, sagrando-se a primeira mulher a fazê-lo em Portugal. Apesar dos ecos deste acontecimento na imprensa nacional e internacional, numa época em que o sufrágio feminino na Europa apenas estava consagrado na Finlândia, o voto das mulheres, em Portugal, não foi conquistado na I República. Pelo contrário, três anos depois seria aprovada uma legislação que especificava que somente os homens poderiam votar. Mais tarde, em 1931 é que o voto feminino foi introduzido em Portugal, com certas limitações. No entanto, só após o 25 de Abril de 1974 se consagrou o sufrágio universal e foram abolidas as restrições ao direito de voto baseadas no sexo dos cidadãos.
Em suma, a convicção e a coragem demonstradas pela médica Carolina Ângelo foram o ponto de partida para uma luta que durou duas décadas. O legado dela continua a inspirar gerações, servindo como um lembrete poderoso da importância da persistência na luta pela igualdade e justiça social.
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